sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

de Margaret Stohl e Kami Garcia, BEAUTIFUL DARKNESS (2010)

Título no Brasil: Dezessete Luas;
Quem escreveu? Margaret Stohl e Kami Garcia;
Editora: Galera (selo da editora Record);
Tradução: Regiane Winurski;
Número de Páginas: 461;
Gênero: Fantasia, Young Adult;
Nota (de 0 a 5)4.




Li Dezessete Luas num desafio comigo mesmo: eu teria de lê-lo em quatro dias. Isso para mim era muito, já que, há um ano, eu não era exatamente como sou hoje, que consigo ler cem páginas, cento e vinte num dia só. Eu havia viajado para o sítio do meu pai e levei esse livro debaixo do braço e o desafio em mente: ler Dezessete Luas durante a minha estadia por lá. Eu normalmente não faço absolutamente nada por lá, de qualquer forma, já que não pega nem celular e nem internet; ora, bolas, então: qual seria a dificuldade de mergulhar na continuação do incrível Dezesseis Luas e me afogar pra valer?

O segundo livro da série Beautiful Creatures nos apresenta outra vez os personagens que já conhecemos, porém numa nova e diferente realidade. Após incidentes ocorridos no passado (no primeiro livro da série), a relação de Lena e Ethan está maculada: Lena Ravenwood não é a mesma de antes. Confusa, triste, introspectiva e cada vez mais afastada, a Conjuradora – como são chamados os dotados de magia – parece não estar feliz como outrora, e seu lado sombrio cada vez mais grita dentro de seu eu para se libertar. É então que perversas companhias começam a rondar a Ravenwood, e logo Ethan se vê perdendo quase de vez sua tão transformada e transtornada namorada. A aventura, agora, é no submundo dos Conjuradores, entre as vielas obscuras de um mundo pouco habitado e pouco desbravado: conseguirão Ethan e seus amigos enfrentar os monstros e seus próprios monstros? Conseguirão trazer Lena de volta?

Dezessete Luas conseguiu ser muito mais, em inúmeros aspectos, satisfatório do que seu antecessor. Com uma história mais densa, o enredo da série está mais interessante do que nunca, já que as escritoras agora nos surpreendem com o que, certamente, todos nós, fãs da saga, esperávamos: o mergulho no mundo dos Conjuradores. Pessoalmente, acho que todo livro que se propõe a trabalhar um novo mundo, uma nova realidade, seja uma simples ficção ou uma distopia, deve focar nem que seja mais do que só um pouco nos novos aspectos políticos, locacionais, enfim, aqueles originais trazidos pelo enredo – ou então tudo perde a graça. De que adianta você oferecer toda uma nova realidade para o leitor se nem ao menos permite o mesmo desfrutar dela? Não foi, certamente, o que aconteceu com a série Beautiful Creatures. Em Dezessete Luas, a aventura é focada justamente nesse mundo subterrâneo que é o mundo dos Conjuradores, e inúmeros novos significados e explicações desse novo mundo vão sendo demonstrados ao decorrer do enredo, sempre daquela forma leve e despretensiosa comum à série. É uma delícia você sempre descobrir mais sobre o mundo dos Conjuradores; foi um dos universos que mais me deliciei em aprender e me satisfiz com os resultados.

A história, aqui, também se torna muito mais intrínseca. Tudo, praticamente tudo está interligado. Pontas que você nunca imaginou que poderiam ter conexão acabam se amarrando, e tudo é um emaranhado que não se cansa de mostrar, revelar, inovar. Dezessete Luas é brilhantemente surpreendente: página após página o leitor se depara com novidades que chegam a embasbaca-lo, como eu mesmo me vi boquiaberto com coisas que gradativamente aconteciam, se juntavam e se revelavam. Personagens têm ligações inimagináveis com outros personagens, histórias remontam e têm raízes em outras histórias de outras pessoas; surgem novos importantíssimos personagens – outros até mesmo ressurgem –, objetos interessantes aparecem, trevas e bondade se confundem, e o leitor é colocado incessantemente à prova quanto a seus pensamentos e opiniões perante inúmeros personagens. Esse, na verdade, é um ponto magnífico: quem realmente é vilão? Quem realmente é do bem? Será que realmente existe essa coisa toda de um lado do bem e um lado do mal? E o quanto isso afeta toda a sua realidade e aqueles que lhe amam?

Considero Dezessete Luas o livro de passagem da série Beautiful Creatures: ele é aquele que vai plantar todas as verdadeiras impressões sobre todos, absolutamente todos os personagens do universo de Stohl e Garcia. É o livro mais revelador da saga. As escritoras ainda conseguem manter a tensão e o mistério daquela forma relaxante, mas ao mesmo tempo intensa, e a novidade é a imensa profundidade. Profundidade é uma palavra que define bastante o livro, seja profundidade em enredo, seja profundidade da forma de retratar o psicológico e emocional dos personagens, seja no retratar da nova realidade da ficção. É perceptível também o quanto que a escrita amadureceu; é notável que as escritoras consigam captar muito mais dos personagens, e demonstrá-los fidedignamente. O humor também se mantem, apesar do mistério e suspense serem os pontos fortes do livro (até porque não tem como um livro não ter humor com um personagem tão ridiculamente cômico quanto Link).

Está também mais gótico do que nunca, coisa que adoro. Não espere algo Crônicas Vampirescas, porém, ou aí sim você se decepcionará. O gótico encontrado em Dezessete Luas é um gótico juvenil, mais leve, eu diria até um tanto descontraído; é um bom livro para se preparar para ler um verdadeiro gótico, como Anne Rice. O título em inglês desse livro o define muito, muito bem, aliás: Beautiful Darkness. Darkness. Escuro, sombrio: isso é Dezessete Luas. Um belo livro que trabalha a escuridão de uma forma deliciosa e até mesmo instrutiva – já que a série Beautiful Creatures aborda inúmeros pontos muito além da superficialidade, como o que realmente é esperar, o verdadeiro poder de um amor (seja qual for o amor) e, principalmente: se o bem e o mal realmente andam separados, como inúmeras tradições nos ensinam ao longo da vida.

Quanto à parte técnica do livro: as páginas são amareladas, a fonte usada é linda e de um tamanho agradável de ler; a diagramação é impecável e simples; a tradução é ótima e, diferente do meu exemplar do primeiro livro onde encontrei diversas confusões na ortografia e pontuação, a revisão está realmente ótima. Vale ressaltar, também, que a capa é uma coisa extremamente linda. Sou apaixonado por essa capa em tons de azul, preto e cinza, que traduz inteiramente o ar que o livro traz.

Dezessete Luas é uma continuação que superou completamente o seu livro antecessor. Um livro intenso, incrível, que vai além do esperado para um livro do gênero Young Adult – dentro do mesmo, certamente considero-o magnífico. Para chocar, ensinar e apaixonar: a continuação de Dezesseis Luas é de tirar o fôlego e vale a pena ser lida! Não deixe de conferir o Blog Achou o Quê?: em breve mais resenhas sobre os dois outros livros da saga, Dezoito Luas e Dezenove Luas.



Tem algo a acrescentar? Discorda de algo? Deixe a sua opinião nos comentários!

sábado, 25 de janeiro de 2014

de Margaret Stohl e Kami Garcia, BEAUTIFUL CREATURES (2009)

Título no Brasil: Dezesseis Luas;
Quem escreveu? Margaret Stohl e Kami Garcia;
Editora: Galera (selo da editora Record);
Tradução: Regiane Winurski;
Número de Páginas: 488;
Gênero: Fantasia, Young Adult;
Nota (de 0 a 5)4.




Enquanto ouço Seven Devils – música de Florence and the Machine a qual fez parte da trilha sonora da adaptação do livro presentemente resenhado –, consigo me lembrar perfeitamente de como foi ler Dezesseis Luas, o primeiro volume da incrível série Beautiful Creatures, e de como me senti enquanto lia. Acho que em poucas vezes fui tão envolvido e conquistado por uma série em tão pouco tempo.

Comecei de um jeito pouco usual, pro que me é normal: assisti primeiro ao filme. Fui – digo isso com um orgulho tão grande, gente; pode ser bobagem, mas pra mim é algo muito importante, mesmo – à estreia, com um amigo. Uma estreia que apesar de não parecer estreia, já que se quinze gatos pingados ocuparam as cadeiras do cinema foi muito e se esses quinze gatos pingados demonstraram mais de meia reação durante todo o filme foi também muito – os animadinhos com literatura fantástica e com o enredo ali eram realmente só eu e meu amigo (vocês não tem noção do quanto foi triste ficar pulando sentado e gritado de animação sozinho) –, significou tanto ao ponto de me fazer perturbar tanto minha querida amiga Karen, tanto, de uma forma tão irritantemente intensa e... Chata que, acho que tendo consciência de que foi ela quem me induziu a ir ver o filme e ler a história, acabei ganhando da mesma com os dois primeiros livros da série. Poucas vezes fiquei tão saltitante como quando o moço dos correios me entregou aquele embrulho enorme nas mãos.

Foi mais ou menos nessa época, só que no ano passado, que devorei Dezesseis Luas pela primeira vez. A história fala de Ethan Wate, o qual primordialmente é só mais um garoto quase comum na cidade de Gatlin: quase, já que um de seus grandes desejos, diferente da maioria das pessoas que compõem aquela cidade – “as burras e as empacadas”, como seu pai afetuosamente outrora caracterizara seus vizinhos –, é mandar-se daquela realidade tediosa e imutável e ganhar o mundo. Ethan não contava, entretanto, na radical e absurda mudança que sua rotina e seu futuro teriam quando uma jovem finalmente chega à cidade, depois de ser expulsa de várias outras escolas ao longo da América. A jovem é Lena Ravenwood: uma bela e introspectiva garota, neta do homem mais assustador e considerado herege por toda a cidade: Macon Ravenwood. Uma estranha conexão surge entre os dois jovens, entretanto, após um incidente aparentemente comum numa estrada comum da comum Gatlin da Carolina do Sul: uma conexão que os levará a um inesgotável e poderoso sentimento de amor, e consequentemente a uma viagem mística e pelas vielas mais profundas (às vezes literalmente) da história da magia, da bruxaria, do que corresponde à cidade e de suas próprias árvores genealógicas. Uma viagem que pode custar mais descobertas e coragem e lhes tirar mais coisas do que os dois jamais poderiam imaginar.

Beautiful Creatures acabou se tornando uma de minhas séries favoritas da vida – ao lado de grandes amores meus como His Dark Materials (Fronteiras do Universo) e Harry Potter – justamente por um caráter que sempre, sempre considero quanto estou lendo qualquer coisa que trabalhe fantasia: originalidade. Sendo completamente honesto, tornou-se realmente moda escrever sobre feitiçaria depois do estrondoso sucesso de vendas que foi Harry Potter. Todo mundo quer seu Harry Potter, todo mundo quer chegar aonde Harry Potter chegou, muitas vezes com pretensões absurdas visionando o sucesso e a best-sellerzice. Coisas que, graças aos céus, eu realmente não vi em Beautiful Creatures. Acho que devo parabenizar realmente as autoras pela forma que retrataram o mundo da bruxaria em seu livro, a qual não foi de uma forma exageradamente atual, de forma alguma enjoativa e menos ainda uma cópia ao menos parcial do universo de J. K. Rowling: Kami Garcia e Margaret Stohl trabalham com a magia e a feitiçaria primordial – a magia e feitiçaria das antigas, folclóricas e góticas bruxas, dos vestidões bem trabalhados, das magias em Latim e dos livros de feitiços pesados e amaldiçoados – reproduzidas em um universo contemporâneo delicioso e cativante. Eu realmente fiquei encantado pela forma linda com que Stohl e Garcia contextualizaram esse tipo de aura bruxa gótica medieval sem retirar a essência da mesma.

Numa narrativa rítmica e deliciosamente fluida, Dezesseis Luas também não perde outra essência que se propõe a trabalhar: o Young Adult (uma literatura que costuma ser destinada ao público entre dezoito e vinte anos, de acordo com a American Library Association). O que significa isso? Simples: uma literatura juvenil que aborda temas um pouco mais adultos e de uma forma mais madura, sem perder aquilo que é próprio do adolescente e do jovem adulto (nesse caso ainda tendo a adição do gênero Fantasia, é claro). Em Dezesseis Luas, você encontra clichês adolescentes sim, assim como pensamentos adolescentes e uma realidade também adolescente, porém de forma alguma enjoativa, menos ainda infantil, e que não apenas se limita aos círculos de jovens. O jeito crescido com que Stohl e Garcia trabalham muitas coisas no livro é realmente algo de se apaixonar, principalmente no meu caso, que gosto de literatura juvenil, mas não aquelas tão juvenis assim, se é que você me entende. Essa maturidade com que o livro normalmente é trabalhado na escrita pode até ser pelo fato dos dois protagonistas serem adolescentes com maior maturidade e sensatez, o que torna as coisas mais adultas e bem mais interessantes.

Escrita, aliás, a qual eu simplesmente adorei. Sabe aquela escrita leve, deliciosa, com tudo muito bem comedido, que você simplesmente não consegue parar de ler? É tudo muito fluido, muito natural; as peças do enredo se encaixam, e o ritmo caminha sempre rítmico, naquela mescla de tons: mistério/calmaria/cômico. Isso é preciso ser ressaltado também: Dezesseis Luas é engraçado de uma forma gostosa, já que é, como dito, natural. Dezesseis Luas não é um livro pretensioso, como costumam ser os primeiros livros de séries, que por vezes os escritores tanto se empolgam pra conquistar os leitores que acabam forçando a barra em diversos aspectos. É um livro para ler e se divertir – sem, é claro, esperar nada além do que é proposto pelo gênero, que é o Young Adult (esse é o problema de muita gente, aliás: querer criticar um tipo de Literatura analisando-a por fora daquilo que é proposto). Também sobre a escrita: o livro é escrito por duas autoras! E, gente. Não só como leitor, mas também como escritor, eu posso lhes afirmar o quanto que é difícil fazer dar certo um negócio escrito por duas mãos e mentes diferentes. O maior trunfo de duas mentes trabalharem num mesmo livro é não fazer com que se perceba que foi mais de uma que o escreveu. Já li um ou dois livros escritos por mais de um autor aonde eram tão palpáveis os diferentes tipos de escrita que eu quase conseguia ouvir os gritos das palavras anunciando a quem pertenciam. E eu garanto com todas as letras: a escrita dupla de Margaret Stohl e Kami Garcia, nesse sentido, é uma das mais perfeitas que já tive contato.

Além de que, puxa vida, ainda sem sair do âmbito da escrita: um padrão em séries infanto-juvenis é quebrado em Dezesseis Luas. O protagonista usa cuecas! É UM RAPAZ! O caps lock ligado, veja bem, foi por causa do quão novo isso foi pra mim. Gente, por favor: realmente já deu um pouquinho de garotas protagonizando séries e tudo o mais no infanto-juvenil, não? Sou assumidamente feminista, antes que eu seja acusado de machismo literário, mas é que isso se tornou tão, tão comum e batido que, apesar de cada protagonista trazer sua singularidade, sinceramente, pra mim, cansou. Eu leio, é claro, se a história me interessar, mas realmente me abre os olhos se a narração for feita por um garoto pelo grau de diferenciação do comum que uma literatura assim tem – referindo-me a primeira pessoa, é claro. O que, DEUS do céu, também é preciso ser dito, e isso é realmente um ganho importantíssimo que Beautiful Creatures não só trouxe pra minha vida como leitor, mas também para meu eu escritor: esse livro – essa série como um todo – foi o responsável por diminuir em mim o preconceito gigante que eu tinha quanto à literatura escrita em primeira pessoa. Eu simplesmente odiava. Não conseguia ler. Entretanto, a forma deliciosíssima com que a primeira pessoa de Garcia e Stohl é empregada... Isso tudo pode estar parecendo um verdadeiro exagero, eu sei, mas eu me rendi. Realmente me rendi a essa escrita, e sou apaixonado por ela.

O enredo também é bem costurado, sem pontas soltas, obviamente feito com cuidado antes de ser publicado. Algo que me encantou muito também são os personagens: todos extremamente empáticos, até mesmo os menos citados (como parte da família de Lena) – destaco Amma, Ridley, Link e Sarafine (a incrível Sarafine!). O romance de Lena e Ethan também é algo que não empaca a história: a construção desse amor e a percepção do mesmo é algo que anda junto com o enredo, o que é realmente adorável. Adoro a edição que tenho, a que tem a capa do pôster do filme, apesar da original também ser maravilhosa; quanto às críticas à parte de construção e mais técnica do livro: amo essa fonte usada pela editora Galera para os livros, a diagramação está bem agradável, a tradução está de parabéns, mas lembro que houve algo que me incomodou imensamente quando li – a revisão. Lembro-me de ter encontrado algumas palavras incompletas e alguns erros esquisitos de pontuação, o que me incomodou um pouco, já que sou tarado por revisões corretas em absolutamente tudo. Mas meu exemplar é um pouco antigo; isso já deve, certamente, ter sido consertado.

A verdade é que a minha leitura de Dezesseis Luas significou bem mais do que apenas mais um livro. Realmente esse livro é muito importante pra mim, e está marcado na minha vida como leitor. Um livro para ser lido para relaxar, se divertir e viajar: Dezesseis Luas, de Margaret Stohl e Kami Garcia, publicado pela brilhante Galera Record. Todos os livros da série serão resenhados aqui no Blog, então não deixe de conferir!



Já leu o livro? Discorda de alguma coisa, tem algo a acrescentar? Ainda não leu? Quais suas impressões sobre o livro? Você deseja lê-lo? Escreva tudo nos comentários!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

de Chris Buck e Jennifer Lee, FROZEN (2013)


Nome no Brasil: Frozen - Uma Aventura Congelante;
Gênero: Animação/Fantasia/Musical;
Roteiro: Jennifer Lee;
Elenco (Vozes): Kristen Bell, Idina Menzel, Jonathan Groff, Josh Gad, Santino Fontana;
Nota (de 0 a 5): 5.



Lembro-me de ter visto o trailer de Frozen sem querer, num dia qualquer quando decidi absolutamente do nada que queria assistir trailer de filmes. Vi o trailer de Beautiful Creatures (filme o qual amo tanto quanto a série literária de mesmo nome), vi um pequeno de Maleficent o qual já todos estávamos cansados de ver; vi, acho, o de Black Swan (um dos filmes do meu coração), o qual eu nunca havia visto... Em seguida vi o de Mulan, acho. Talvez após tenha visto o de Les Misérables (uma das coisas mais lindas que já assisti). E vi algum de algum outro desenho... Acho que foi o de Brave. E foi enquanto assistia a esse trailer que dei de cara com um ícone naquela barra à direita do Youtube, revelando um novo filme que estava para sair pela boa e velha Disney.

Frozen? “Isso é nome de música da Madonna”: juro que pensei isso assim que dei de cara com aquele título. Já tirei um conceito prévio enorme do filme, então. Enquanto clicava e o lindo Google Chrome demorava pra carregar (como quase sempre na triste realidade da minha internet), eu já conseguia imaginar um filme à la Tim Burton, cheio de coisas levemente assustadoras e com um humor levemente mordaz. Quase tive a nítida imagem de uma Madonna em desenho irrompendo em um milhão de corvos e voando pelo mundo congelado.

Vou lhes dizer uma coisa que, de vez em quando, gosto: quebrar a cara. Juro que não sou o tipo de pessoa que julga as outras, muito menos que tira preconceitos de qualquer que seja o assunto – porém, vez ou outra isso inevitavelmente acontece, e eu adoro quando estou errado. Pois adoro ser surpreendido. E o que eu julguei ser “mais um filme da Disney com um humor forçado” – “ora, por favor, eles estão tentando mesmo implacar mais um clássico, né?!” – acabou se tornando um dos filmes de animação mais lindos e importantes da minha vida.


As queridas irmãs, Elsa e Anna.
O filme traz uma temática curiosa: irmãs. Irmãs que, outrora muito amáveis uma com a outra, acabaram sofrendo um triste afastamento por conta de uma característica mágica da mais velha, Elsa (voz de – pelo amor de Deus, palmas, muitas palmas para o nome que será citado neste momento – Idina Menzel): seus poderes mágicos de gelo aparentemente incontroláveis. Ambas nunca, ou quase nunca, se encontraram após um acidente com a irmã mais nova, Anna (voz de Kristen Bell), causado pelos próprios poderes da irmã, a qual é obrigada a isolar-se para o bem não só da caçula, mas de todos que se aproximassem do que foi considerada uma maldição. As irmãs crescem afastadas, porém, é chegada a hora de uma nova rainha assumir o trono há muito não habitado do reino, e é esperado que Elsa faça absolutamente tudo nos perfeitos conformes. Entretanto, um desentendimento entre as duas irmãs gera um grave acidente, o que acaba revelando a verdadeira natureza de Elsa. É quando se dá início uma aventura em que todos os protagonistas se envolvem, com revelações, intrigas, euforia e muita, muita música.

O filme todo é uma busca. É a incessante busca por algo ou por alguém que movimenta toda a história de Frozen. E o que foi colocado no meio dessa busca – como a construção do romance, o sentimentalismo e todos os outros diversos pontos – é que é o fascinante. Algo que me deixou levemente chocado é que, apesar de ser um enredo bastante denso em variados sentidos, Frozen nunca se torna algo chato ou menos voltado para o mundo infantil. É um filme que pode ser visto por todas as idades por trazer significados e percepções diversos, percebidos de acordo com a faixa etária e a experiência de vida do expectador.

Existem ensinamentos realmente, realmente bonitos e importantes em Frozen, e acho que o principal deles é o que remonta o amor. Isso, aliás, é algo a realmente parabenizar: pela primeira vez em tempos o verdadeiro sentido do amor trabalhado num filme, o amor verdadeiro que é dito e tão ouvido durante todo um longa, o amor que salva e que cura, não é o amor de um casal. O amor trabalhado por Frozen rompeu essa barreira clássica dos filmes produzidos pela Disney, já que foca não no amor no sentido romântico e carnal que o conhecemos, mas sim num sentido mais arcaico, primitivo, por vezes até considerado, hoje em dia, como antiquado: o amor consanguíneo. O amor de duas irmãs. Essa sacada é que faz o filme ser diferente de muita, muita coisa que é produzida pela indústria hoje. É o amor, sim, que é o ponto principal para um final feliz – mas um amor familiar. O amor mais puro e real que alguém pode sentir. Algo assim ser retratado, pra mim, chegou a ser algo realmente emocionante.

Dito isso, é preciso afirmar: o enredo de Frozen é uma delícia. É uma das animações mais completas e ricas que já vi no âmbito emocional. Existe de tudo nessa animação: aventura, profundidade sentimental, vilania (verdadeira e dissimulada vilania, e eu não vou dizer quem é a maior representação da vilania no filme ou irei estragar com a graça da coisa), bravura, coragem e muito mais, o que faz dele tão emocionante e um verdadeiro supridor de expectativas – pois sou do tipo de pessoa que assisto um filme ou algo na necessidade de ser suprido, de ser completo, de ser satisfeito, seja de qual forma for. E Frozen me encheu, no bom sentido, em muitas áreas, até algumas que realmente não imaginei.

Elsa (Idina Menzel), na cena de "Let It Go".
Engraçado, com um cômico incrivelmente bem colocado, sem exageros ou sem errar no humor – pois sabemos o quanto é desastroso algo tentar ser engraçado e não conseguir –, é preciso também dizer que Frozen é um filme MUITO, muito lindo. Um dos filmes mais bonitos visualmente da história das animações Disney, e um dos mais originais também. Nas minhas pesquisas sobre o filme, acabei descobrindo que ele foi uma adaptação do conto de fadas The Snow Queen, do brilhante Hans Christian Andersen, conhecido por histórias infantis como A Pequena Polegar, O Patinho Feio e A Pequena Sereia. Também trabalhando com magia de uma forma muito interessante, já que toda essa parte do enredo é focada na confusa personagem Elsa (e o autocontrole do medo, das emoções e do mau que há dentro de cada um são propostas abordadas), acho que, obviamente, algo que torna Frozen único é a temática inverno e gelo. São temáticas que, ninguém pode negar, são moda, e que quando trabalhadas de forma criativa e com significado acabam se tornando memoráveis. Tornou-se uma das cenas mais memoráveis da história dos filmes animados a cena em que Elsa canta Let It Go e constrói seu novo lar. Não é tantas vezes que há tanta magia, emoção, beleza e espírito numa cena, apesar de se tratar de um filme de animação, ramo onde coisas assim são “mais fáceis” de serem encontradas.

Aliás, há também outro magnânimo ponto que precisa ser ressaltado: música! Finalmente outro musical da Disney! Para quem foi criado, como eu, assistindo Aladdin, Mulan e afins, ver a Disney tantos e tantos anos sem lançar um musical significativo foi meio doloroso. Mas então eles têm essa brilhante ideia e lançam Frozen, e cá está novamente: um musical poderoso, absurdamente criativo, com belíssimas, divertidas e até poéticas composições, interpretadas por vocais brilhantemente bem escolhidos e poderosos. Kristen Bell cantou lindamente suas canções: Anna tem uma rica quantidade de músicas a ser interpretada, cada uma com seus sentimentos e particularidades de tons e entonações vocais que dependem de muitas características – emocional da personagem, situação em que a mesma se encontra na cena etc. –, e tudo foi corretissimamente defendido pela atriz. Realmente Bell está de parabéns.

Entretanto, perdoem-me, mas eu não posso deixar de me ajoelhar e mais uma vez reverenciar a grandiosa Idina Menzel. A atriz, veterana da Broadway, conhecida mundialmente por ter feito parte do cast original de Wicked (uma das coisas mais lindas que existem nesse mundo, e que você ainda não conferiu, pelo bem do mundo dos musicais, confira), nunca esteve tão brilhante. Elsa foi uma personagem que foi feita para ser dublada por Menzel; eu não poderia imaginar qualquer outra atriz/cantora dando vida vocal à mesma. Por favor: o que foram aquelas músicas cantadas por Idina Menzel? O que foram aquelas notas, aquela emoção intensa e aquela habilidade vocal na segunda vez de For The First Time In Forever? O que foi Let It Go, senhoras e senhores?? Que mulher/cantora é essa?!



de Chris Buck e Jennifer Lee, FROZEN (2013) by Breno Torres on Grooveshark


Deu para perceber o quanto Frozen significou para mim, certo? Se você ainda não assistiu, assista! Concorda, discorda de algo? Tem alguma ideia, algum ponto de vista a acrescentar? Escreva nos comentários!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

carta ao Leitor: Sendo sincero



Sendo sincero: eu nunca prossegui com um projeto pessoal de Blog. Já tentei bastante, é claro, pra chegar a essa conclusão. Sempre acabava num domínio do Blogger abandonado com quatro ou cinco posts pessoais; uma vez durou mais que isso. Durou um ano. Mas, ainda assim, chegou ao fim.

E chegou ao fim – também confesso – por preguiça. Falta de vontade de continuar. Preguiça de divulgar, preguiça de escrever, preguiça de postar, preguiça de estar ali sozinho. Medo de estar ali sozinho, também, de certa forma. Nunca gostei de estar sozinho em projetos; me sinto mais acolhido e bem quando estou em algo com alguém. As coisas fluem melhor, correm de uma forma mais natural – até meu fluxo acontece corre de forma mais aceitável e divertida. Nunca vi muita graça em estar sozinho.

Só que as coisas mudaram. Mudaram quando precisei ficar sentimentalmente sozinho para me ver mais feliz. Acabei descobrindo exatamente isso que eu acabei de dizer: ficar sozinho significava me sentir bem. Se isso era possível emocionalmente – como está se provando ser (você também ficaria se se metesse em tantas furadas amorosas como eu me meti) –, por que não no âmbito profissional também?

E foi assim que comecei a meter a cara nas coisas. Meti tanto a cara que, agora, estou finalmente escrevendo algo que possivelmente se tornará meu primeiro livro, estou a todo fôlego como colaborador no Blog de uma grande amiga (o querido e inesquecível Meu Outro Lado) e, finalmente, criando um projeto online pessoal.

Eu passei um tempo pensando sobre ele, sobre essa ideia de realmente prosseguir com um Blog – mesmo após eu tendo deixado tantos de mão – e, enquanto escrevo este texto, ainda ninguém sabe sobre a existência dele. Sempre fui do tipo de pessoa que externou tudo para todo mundo ver e ouvir; nunca comecei algo sem antes contar a ideia para alguém e discuti-la. Porém, vi há algum tempo aquela magnífica entrevista de J. K. Rowling nos Estados Unidos, para discutir o lançamento de seu também magnífico livro, Casual Vacancy, e algo que ela disse realmente me fez pensar. Ela disse precisar de um tempo, de um espaço só para si; de um espaço para, só com ela mesma, pensar nas ideias e propostas que tinha para escrever e viver. E, assistindo àquilo, vi que, sinceramente?, talvez seja isso que eu precise. Preciso de introspecção. Preciso pensar só comigo as coisas e decidir fazê-las ou não.

Mas com meu histórico de desistências, obviamente eu nem tentar começar queria. Uai, pra quê? Pra ocupar mais um nome de Blog que talvez alguém um dia pense e queira usar pra levar pra frente – pra realmente levar pra frente – um projeto próprio? Mas foi aí que uma coisa me apareceu. Uma coincidência que me fez prosseguir.

A coincidência foi estar considerando a ideia do projeto e isso surgir na minha Timeline do Facebook:



E cá estou eu. Antes tentar e falhar que desistir antes mesmo de ter ao menos tentado. Clichê e sábio (aliás, cá está uma pessoa que ama clichês, se querem saber).

Neste Blog, pretendo trabalhar com as diversas áreas da arte, comentando, informando, expondo e opinando sobre as coisas que costumam me interessar: Literatura, Cinema, Séries etc. Talvez vez ou outra ajam coisas pessoais, apesar do objetivo deste projeto não ser esse; sempre estarei tentando manter isso ativo. Realmente, dessa vez, vou tentar manter tudo de pé. Até porque estou animado e comprometido com a ideia.

Não prometo que não vou desistir, até porque, apesar de estar mudando, eu me conheço. Mas, que não vou desistir sem antes bastante ter me esforçado, eu prometo.




Aproveite!