sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

de Margaret Stohl e Kami Garcia, BEAUTIFUL DARKNESS (2010)

Título no Brasil: Dezessete Luas;
Quem escreveu? Margaret Stohl e Kami Garcia;
Editora: Galera (selo da editora Record);
Tradução: Regiane Winurski;
Número de Páginas: 461;
Gênero: Fantasia, Young Adult;
Nota (de 0 a 5)4.




Li Dezessete Luas num desafio comigo mesmo: eu teria de lê-lo em quatro dias. Isso para mim era muito, já que, há um ano, eu não era exatamente como sou hoje, que consigo ler cem páginas, cento e vinte num dia só. Eu havia viajado para o sítio do meu pai e levei esse livro debaixo do braço e o desafio em mente: ler Dezessete Luas durante a minha estadia por lá. Eu normalmente não faço absolutamente nada por lá, de qualquer forma, já que não pega nem celular e nem internet; ora, bolas, então: qual seria a dificuldade de mergulhar na continuação do incrível Dezesseis Luas e me afogar pra valer?

O segundo livro da série Beautiful Creatures nos apresenta outra vez os personagens que já conhecemos, porém numa nova e diferente realidade. Após incidentes ocorridos no passado (no primeiro livro da série), a relação de Lena e Ethan está maculada: Lena Ravenwood não é a mesma de antes. Confusa, triste, introspectiva e cada vez mais afastada, a Conjuradora – como são chamados os dotados de magia – parece não estar feliz como outrora, e seu lado sombrio cada vez mais grita dentro de seu eu para se libertar. É então que perversas companhias começam a rondar a Ravenwood, e logo Ethan se vê perdendo quase de vez sua tão transformada e transtornada namorada. A aventura, agora, é no submundo dos Conjuradores, entre as vielas obscuras de um mundo pouco habitado e pouco desbravado: conseguirão Ethan e seus amigos enfrentar os monstros e seus próprios monstros? Conseguirão trazer Lena de volta?

Dezessete Luas conseguiu ser muito mais, em inúmeros aspectos, satisfatório do que seu antecessor. Com uma história mais densa, o enredo da série está mais interessante do que nunca, já que as escritoras agora nos surpreendem com o que, certamente, todos nós, fãs da saga, esperávamos: o mergulho no mundo dos Conjuradores. Pessoalmente, acho que todo livro que se propõe a trabalhar um novo mundo, uma nova realidade, seja uma simples ficção ou uma distopia, deve focar nem que seja mais do que só um pouco nos novos aspectos políticos, locacionais, enfim, aqueles originais trazidos pelo enredo – ou então tudo perde a graça. De que adianta você oferecer toda uma nova realidade para o leitor se nem ao menos permite o mesmo desfrutar dela? Não foi, certamente, o que aconteceu com a série Beautiful Creatures. Em Dezessete Luas, a aventura é focada justamente nesse mundo subterrâneo que é o mundo dos Conjuradores, e inúmeros novos significados e explicações desse novo mundo vão sendo demonstrados ao decorrer do enredo, sempre daquela forma leve e despretensiosa comum à série. É uma delícia você sempre descobrir mais sobre o mundo dos Conjuradores; foi um dos universos que mais me deliciei em aprender e me satisfiz com os resultados.

A história, aqui, também se torna muito mais intrínseca. Tudo, praticamente tudo está interligado. Pontas que você nunca imaginou que poderiam ter conexão acabam se amarrando, e tudo é um emaranhado que não se cansa de mostrar, revelar, inovar. Dezessete Luas é brilhantemente surpreendente: página após página o leitor se depara com novidades que chegam a embasbaca-lo, como eu mesmo me vi boquiaberto com coisas que gradativamente aconteciam, se juntavam e se revelavam. Personagens têm ligações inimagináveis com outros personagens, histórias remontam e têm raízes em outras histórias de outras pessoas; surgem novos importantíssimos personagens – outros até mesmo ressurgem –, objetos interessantes aparecem, trevas e bondade se confundem, e o leitor é colocado incessantemente à prova quanto a seus pensamentos e opiniões perante inúmeros personagens. Esse, na verdade, é um ponto magnífico: quem realmente é vilão? Quem realmente é do bem? Será que realmente existe essa coisa toda de um lado do bem e um lado do mal? E o quanto isso afeta toda a sua realidade e aqueles que lhe amam?

Considero Dezessete Luas o livro de passagem da série Beautiful Creatures: ele é aquele que vai plantar todas as verdadeiras impressões sobre todos, absolutamente todos os personagens do universo de Stohl e Garcia. É o livro mais revelador da saga. As escritoras ainda conseguem manter a tensão e o mistério daquela forma relaxante, mas ao mesmo tempo intensa, e a novidade é a imensa profundidade. Profundidade é uma palavra que define bastante o livro, seja profundidade em enredo, seja profundidade da forma de retratar o psicológico e emocional dos personagens, seja no retratar da nova realidade da ficção. É perceptível também o quanto que a escrita amadureceu; é notável que as escritoras consigam captar muito mais dos personagens, e demonstrá-los fidedignamente. O humor também se mantem, apesar do mistério e suspense serem os pontos fortes do livro (até porque não tem como um livro não ter humor com um personagem tão ridiculamente cômico quanto Link).

Está também mais gótico do que nunca, coisa que adoro. Não espere algo Crônicas Vampirescas, porém, ou aí sim você se decepcionará. O gótico encontrado em Dezessete Luas é um gótico juvenil, mais leve, eu diria até um tanto descontraído; é um bom livro para se preparar para ler um verdadeiro gótico, como Anne Rice. O título em inglês desse livro o define muito, muito bem, aliás: Beautiful Darkness. Darkness. Escuro, sombrio: isso é Dezessete Luas. Um belo livro que trabalha a escuridão de uma forma deliciosa e até mesmo instrutiva – já que a série Beautiful Creatures aborda inúmeros pontos muito além da superficialidade, como o que realmente é esperar, o verdadeiro poder de um amor (seja qual for o amor) e, principalmente: se o bem e o mal realmente andam separados, como inúmeras tradições nos ensinam ao longo da vida.

Quanto à parte técnica do livro: as páginas são amareladas, a fonte usada é linda e de um tamanho agradável de ler; a diagramação é impecável e simples; a tradução é ótima e, diferente do meu exemplar do primeiro livro onde encontrei diversas confusões na ortografia e pontuação, a revisão está realmente ótima. Vale ressaltar, também, que a capa é uma coisa extremamente linda. Sou apaixonado por essa capa em tons de azul, preto e cinza, que traduz inteiramente o ar que o livro traz.

Dezessete Luas é uma continuação que superou completamente o seu livro antecessor. Um livro intenso, incrível, que vai além do esperado para um livro do gênero Young Adult – dentro do mesmo, certamente considero-o magnífico. Para chocar, ensinar e apaixonar: a continuação de Dezesseis Luas é de tirar o fôlego e vale a pena ser lida! Não deixe de conferir o Blog Achou o Quê?: em breve mais resenhas sobre os dois outros livros da saga, Dezoito Luas e Dezenove Luas.



Tem algo a acrescentar? Discorda de algo? Deixe a sua opinião nos comentários!

14 comentários:

  1. Já quis ler Dezesseis Luas, mas ainda não tive oportunidade. E nem sabia que ele tinha continuação, porque nunca pesquisei muito a fundo, entende? E você me deixou curiosa com essa resenha, fiquei a fim de ler a saga toda, agora e, com certeza, foi pra minha wishlist literária. Adorei teu blog.
    http://www.diarioruivo.com/

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    1. Aeeee, objetivo da resenha cumprido: fiz você querer ler! Compra, compra sim, Stella. Realmente vale a pena. É uma série ótima!
      Obrigado pelo carinho! Volte sempre, sempre. *-*
      Beijão!

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  2. Ollá ^^
    Sempre tinha muita curiosidade sobre este livro, mas na correria esquecia de pesquisar mais sobre ele. Amei a resenha, ficaste ótima ♥
    Com certeza terei que comprar este livro logo logo hehehe'

    Beijoxxx.
    http://maria-gabriely.blogspot.com.br/

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    1. aiushuaihs Que bom que gostou, Maby. Só não vai comprar esse logo de cara: ele é uma continuação de outro livro, Dezesseis Luas. ^^
      Beijão!

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  3. Oiee =)
    essa é uma série que me interessei desde que vi o primeiro livro, contudo ainda não tive a oportunidade de ler - nem o tenho - gostei da tua resenha e fiquei curiosa.
    Beliscões da Máh ♥
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    1. Que bom que te causei curiosidade, Maria. ^^ Eu também adorei o filme. Leia assim que puder!
      Beijão!

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  4. Concordo com você, Dezessete Luas superou bastante o livro antecessor, e é assim que vai seguindo, um superando o outro. Digo isso porque li toda a saga e gostei bastante. Se tornou sem dúvidas minha saga preferida.
    Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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    1. Eu ainda não li o último livro da série, e é por isso que não sei dizer se concordo com que todos os livros vão superando o outro. Mas te confesso que, ao longo da leitura da série, um livro após o outro ia se tornando meu favorito! AIUSHAIUSH Meu favorito agora é o Dezoito Luas. Vamos ver se o Dezenove supera. :B Mas não duvido: a escrita delas é muito boa, e o enredo só ganha mais dramaticidade e só nos envolve cada vez mais. Tô ansioso pra ler o Dezenove. ^^
      Abraços!

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  5. Não gostei muito (para ser sincera, meio que detestei) do primeiro livro da série, então não dei atenção para comprar ou procurar pelo segundo. O fato é que a narrativa cheia de mimimis do Ethan e o amor tão doentio dele pela Lena não me agradam muito... Mas sim, gosto desse tal visual gótico que as autoras conseguem criar nas nossas cabeças.

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    1. Então, pessoalmente, eu já discordo plenamente de você. Para mim, o que torna a saga Beautiful Creatures diferente da maioria dos infanto-juvenis atuais é o amor que já não considero tão diabético e chateante como na maioria do que é encontrado hoje. Já acho que não exista mimimis. Pelo contrário: acho que é um amor adolescente mais maduro que o normal. Sendo amor o que é amor, é claro. ^^
      Obrigado pela sua opinião, Isabel!

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  6. Já tinha ouvido falar da saga, Breno, mas nunca me interessei pela leitura.
    Lendo sua resenha pude notar que parece algo diferenciado do que aqueles dito cujos "modinhas".
    Quando vou para o sítio do meu avô, lá também não pega celular, meu único recurso é ler. Às vezes leio dois livros em quatro dias, claro, dependendo do volume rsrsrs.

    M&N | Desbrava(dores) de livros

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    1. Livros sempre distraindo e acompanhando os pobres bibliófilos sem internet, né? AIUSHAUIHS E realmente, realmente é algo diferenciado sim. É uma pena que nunca tenha se interessado. Espero que um dia acabe se interessando!

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  7. Não tenho muita vontade de ler, por causa do filme, que não me agradou. Eu sei, isso pode ser um erro, mas acabo criando um bloqueio. Não compraria para ler, sabe? Se um dia eu ganhar, aí sim, eu leio e tiro minhas dúvidas sobre a qualidade do livro. Sua resenha ficou muito boa ^^

    Beijos,
    biblioteca-de-resenhas.blogspot.com.br

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    1. Olha, espero que muito em breve acabem presenteando você com esse livro em breve, Mariana! aiushauihs É normal termos esses bloqueios. Mas é sempre bom tentarmos ultrapassá-los, também.
      Beijão! Obrigado pelo carinho. *-*

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