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terça-feira, 22 de abril de 2014

de Richard Curtis, ABOUT TIME (2013)


Nome no BrasilQuestão de Tempo;
Gêneros: Romance/Drama;
Roteiro: Richard Curtis;
Elenco: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Tom Hollander, Lydia Wilson;
Nota (de 0 a 5): 4.


Eu confesso que o primeiro motivo para meu interesse em assistir About Time foi Rachel McAdams. Quando vi o banner desse filme bem de frente pros meus olhos no site onde costumo fazer meus lindos grátis downloads e vi a imagem da linda Rachel McAdams sorrindo docemente, criei grandes expectativas, e de forma alguma meus dedos se seguraram até que o download estivesse devidamente em andamento. Foi um filme que não ficou tão na moda assim – ao menos não ouvi falar dele tanto; achei seu trailer perdido pelo Youtube dias antes de ver o banner e já fiquei enormemente ansioso para assisti-lo –, e eu estava procurando por filmes basicamente muito comentados para assistir e me divertir. Não sei porquê. Talvez pensando futuramente em escrever críticas pro Blog. Mas o fato é que isso mudou, e, graças aos céus, eu saí da rotina de baixar filmes em alta e baixei About Time. Pois é um filme que não me arrependi de ter assistido.


O filme conta a história de um jovem rapaz que, quando vivia na Cornuália, sul da Inglaterra, descobriu com seu pai que os homens de sua família têm um poder: eles podem viajar para qualquer momento do passado, desde que já tenham estado fisicamente presente no momento em que desejam voltar. Após usos e mais usos e as primeiras descobertas sobre seu poder, o jovem ruivo finalmente muda-se para Londres para tentar ganhar sua vida, e é lá que conhece o doce amor de sua vida, Mary. É neste instante que a vida dos dois se cruzam, que os laços familiares se tornam intrínsecos e mais e mais Tim aprende sobre si mesmo e seu dom. Seria a vida uma questão de tempo? Serão os dias tão contáveis e imutáveis? O quanto vale a pena alterar seu curso de vida?

É um lindo, lindo filme. Pessoalmente, About Time me conquistou demais. Leve, deliciosamente sutil, este filme é aquele tipo de filme o qual você deve assistir para passar uma tarde/noite chuvosa, sem expectativas, com o coração inteiramente aberto. É um filme que, trabalhando temáticas familiares e certo tom de fantasia (presente na questão das viagens do tempo), de forma alguma traz um peso significativo de profundidade ideológica e aprendizagem: simplesmente as oferece, com sabedoria e maciez. About Time é uma bela metáfora sobre a vida de todos nós, e sobre o uso que fazemos dela e de seu contador oficial: o tempo. Eu aprendi coisas assistindo e ouvindo os ensinamentos que são oferecidos no Longa. É um filme, acima de muita coisa, com ensinamentos sábios. Ensinamentos que, por vivermos nossas vidas caóticas e por muitas vezes apressadas, deveríamos receber o mais cedo possível na vida. 

Essencialmente familiar, About Time traz aquele velho e gostoso estilo de filme o qual não tem a necessidade de alcançar picos de tensão para que o expectador se impressione com o enredo. Eu pelo menos não o vi assim. Vi em About Time um filme tranquilo, pacato e despretensioso, com uma linearidade tensional ótima. Com personagens encantadores e interessantes, o forte desse filme está exatamente naquilo que não ele não promete. Se você olhar para o pôster do filme, obviamente pensará que é um filme de romance, e daí então inesgotáveis de ideias sobre o que é um filme de amor irão passar por sua mente. Coisas que certamente não acontecem neste Longa. Sou um profundo amante dos clichês de romances, os clichês clássicos e encantadores que nos arrebatam na história de amor, mas convenhamos: também não é muito gostoso quando uma história de romance nos surpreende? Sai do convencional? Se você concorda com esta pergunta, eu recomendo que assista About Time.


E, se não concorda, eu recomendo da mesma forma, já que meu argumento seguinte é que não é por ser um romance não-convencional que ele é anticonvencional. A não-convencionalidade de About Time existe pelo simples fato de que este filme não traz como foco o amor romântico de dois estranhos. O foco desse filme vai além. Vai ao amor familiar, à durabilidade e importância do amor quando este já está maduro e existente, e, como já dito, à proposta inicial do filme: falar sobre o tempo. Sobre o que é o tempo na vida do protagonista (e na de todos nós). Portanto, amantes de romance, fiquem tranquilos: vocês encontrarão tudo aquilo que veneram num filme desse calibre. Só não esperem que seja um filme essencialmente romântico, pois aviso: não é.

Gentilmente engraçado, também tem boas atuações, o que, confesso, me surpreendeu um pouco. Rachel McAdams, é claro, continua com seu incrível talento e seu lindo jeito de atuar. A meu ver, é uma grande atriz e merece grandiosos papeis. Domhnall Gleeson, que faz o protagonista (E FEZ O GUI WEASLEY, GENTE), também me surpreendeu de forma boa; Lydia Wilson, que interpreta a irmã do protagonista, também me agradou muito. Em suma é um filme aprazível, porém, o que não o fez levar “5”, na minha opinião (ou seja: Ótimo), foi por, talvez, vez ou outra ter se tornado um pouquinho arrastado. O ritmo no início é um pouco caído; a história começa a tomar um rumo realmente bacana um pouco depois, o que não tira o teor delicioso da história, é claro. Porém, talvez devesse ter sido melhor trabalhado o início.

O que não faz desse filme, repito, ruim. É um filme muito o bom, o qual traz ensinamentos que podem mudar aqueles que o assistem, e inspirar. About Time é uma história sobre o tempo, como manejá-lo em nosso dia-a-dia, e amor, com suas mais diversas ramificações. Recomendo About Time a todos aqueles que desejam assistir um filme para relaxar, quem sabe chorar um pouquinho (como eu – mas eu choro até com comercial da O Boticário, então...) e se renovar. Vale a pena conferir.




E você, achou o quê? Concorda, discorda de algo? Tem pretensão de assistir o filme? Conta pra mim nos comentários!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

de David O. Russell, AMERICAN HUSTLE (2013)


Nome no BrasilTrapaça;
Gêneros: Drama/Policial/Comédia;
Roteiro: Eric Warren Singer e David O. Russell;
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Jennifer Lawrence;
Nota (de 0 a 5)5.




Desde que esse filme saiu que eu estava perdido de vontade de assisti-lo. Eu sinceramente não tenho paciência alguma para esses atrasos exorbitantes de lançamento no Brasil – isso é algo que realmente me estressa, apesar de eu ter noção de todos os porquês disso –, então quando o meu site preferido de Downloads liberou um RMVB legendado e bonito, eu imediatamente coloquei pra baixar. Me estressava ver tantas premiações acontecendo, tantas coisas no mundo do Cinema surgindo, e eu não entender a maioria das coisas que os comentaristas e críticos diziam. Crítica ajuda, mas não enche barriga e nem mata vontade: o negócio é assistir o filme. E, além de tudo isso, um dos amores da minha vida da arte da atuação estava ganhando inúmeros prêmios por sua interpretação nesse filme – não, não é a Jennifer Lawrence (apesar de ter muitos bons comentários sobre essa moça nessa crítica) –, e estava sendo uma traição eu demorar tanto tempo assim para dar-lhe o merecido prestígio. Eu não poderia mais esperar para ver Amy Adams em American Hustle. Por isso que quando vi na página inicial do site que o filme já estava disponível corri com o dedo, cliquei e suspirei, animado e ansioso, quando o download começou. Logo, logo eu veria se realmente aquele filme tão bem criticado e bem comentado supriria os meus gostos e me surpreenderia.

E não é que foi isso mesmo que aconteceu?

American Hustle (ou Trapaça, no Brasil) é um filme que se passa na década de 70 e conta a história de uma grande trapaça de dois talentosíssimos trapaceiros. Irving RosenFeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Fucking Brilliant Adams), após descobrirem serem o que chamam de alma gêmea, resolvem criar uma agência falsa de transações bancárias para conseguir dinheiro fácil de pessoas desesperadas. Irving e Sydney crescem no negócio trapaceiro, até serem descobertos pelo charmoso e interesseiro agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper), o qual demonstra estar muito mais interessado nos negócios de trapaça que Sydney e Irving poderiam imaginar. É assim que começa uma jornada pela inteligência do crime, suborno, mundo político, traições e noitadas de gala e de dança: conseguirão Sydney, Irving e Richie alcançar o novo grandioso objetivo? Estariam mesmo eles sendo justos uns com os outros? Até que ponto em que a fidelidade e a ambição podem andar juntas?

Diferente do que muitos podem pensar por se tratar de um filme com uma temática um tanto policial e comediante, American Hustle é um filme com uma boa densidade e pluralidade. Lembro-me que li em algum lugar que se tratava de um filme “policial de comédia-dramática”, e olhei aquilo com ceticismo. Como diabos algo poderia conter doses de um filme policial, apresentar comédia e ainda envolver-nos em drama? Para mim, isso era impossível – até assistir ao filme de David O. Russel. American Hustle traz as doses clássicas de um filme policial – FBI envolvido num caso de descoberta de crimes e no plano de fundo de capturas –, porém com uma dose realista e interessante, já que o ponto policial converge quase totalmente em Richie (Cooper), o qual definitivamente não se trata de um policial honesto. A ambição é um ponto trabalhado magnificamente, atirado para todos os lados. É a ambição que move o enredo. A ambição de Sydney (Adams) e Irving (Bale) os impulsiona a criar um negócio grandioso de trapaças; a ambição de Richie o induz a juntar-se aos trapaceiros e tirar seu próprio proveito deste mundo criminoso; a ambição dos políticos os compromete com os enganadores para conseguirem alcançar seus desafiadores objetivos, e assim por diante. E esta ambição, que é aonde todas as linhas se cruzam, é o que consegue manter todos os “gêneros” do filme em harmonia. A comédia, o drama: tudo é movido pelo desejo de ter mais – e, por vezes, pela inescrupulosidade.

Nenhum personagem no filme é linear, algo que me encantou bastante. Existe sempre algum tipo de mudança, em algum momento, nos personagens – algo que, se não os muda completamente, ao menos os balança profundamente e mexe com suas personalidades e índoles, coisas que sempre trazem impacto para toda a história e suas próprias vidas. American Hustle também é, essencialmente, um filme de muita intensidade. As emoções são muito bem transmitidas para o expectador. Há uma cena, mais ou menos lá pra uma hora de filme, que é o perfeito, perfeito exemplo disso: a cena em que Sydney está numa danceteria com Richie, o policial. É uma cena de emoções intensas, e, talvez, para a personagem de Adams, a mais significativa emocionalmente para a personagem: é uma cena de liberdade. Liberdade, aliás, é o que sempre está sendo buscado no filme, seja para qual for o personagem e qual seja o sentido de liberdade. Acho que encontrei as duas palavras que definem o filme: ambição e liberdade. É aonde o enredo gira em torno.

O filme também é muito engraçado. Gosto do jeito cru que o humor é exposto em filmes com a temática de American Hustle: não é um humor falso, maquiado. É um humor explícito, forte, às vezes pesado, às vezes negro. O humor da vida real. Acho que a maior expressão do humor no filme é a personagem de Jennifer Lawrence, Rosalyn – uma personagem digna de nota, aliás, apesar de ser apenas coadjuvante. O humor extremamente irônico, por vezes cínico, desleixado e até impetuoso no qual a personagem de Lawrence gira em torno é incrível. É realmente uma personagem interessantíssima, já que representa cabalmente a margem daquele mundo de trapaças. Rosalyn é a esposa real de Irving, com a qual tem um filho, que está sempre à margem da vida do marido e que por isso é tão perdida, confusa e amargurada. O medo também é outra temática trabalhada na personagem Rosalyn: o medo de tentar, de ir em frente. Porém, também ouso dizer que a maior expressão da liberdade do filme – o que citei como sendo um dos maiores pontos do enredo – é também da personagem Rosalyn. É realmente uma grande, grande personagem.


De forma alguma, entretanto, eu poderia esperar tamanha inteligência na forma com que o filme foi destrinchado e nas ações e pensamentos dos personagens. Existe uma clara diferença entre esperteza e inteligência, e normalmente o que vemos em filmes desse porte é a pura esperteza de malandro. Mas realmente não é assim, dessa vez, nesse caso. A dupla Sydney e Irving é realmente inteligente, coisa que se prova com tudo o que demonstram ter feito e planejado com tanta sutileza e perfeição nos últimos vinte minutos de filme. Poucas vezes fiquei com os olhos tão arregalados pr’uma tela de notebook, para um filme, como fiquei nos momentos finais de American Hustle (minha miopia agradece). É incrível. É realmente muito, muito bom. Surpreendente.

E já que dei tantas voltas ao redor de atuação, vamos comentar isso propriamente, agora. Christian Bale e Bradley Cooper estão bons, como sempre. São bons atores; tiveram uma boa atuação, embora nada muito surpreendente. Entretanto, a dupla que realmente merece aplausos, sem dúvida alguma, é Amy Adams e Jennifer Lawrence. Falando primeiramente da querida e linda ruiva, Adams está grandiosa e diferente de tudo o que você já pode tê-la assistido fazendo. Amy Adams está desafiadora. Original. Gosto demais, demais, sempre amei – e por isso ela é uma de minhas atrizes do coração – a forma natural com que Amy Adams atua. Há sempre um toque Amy Adams em todos os personagens da atriz, uma marca só dela, que é certa doçura e placidez. E tudo isso caiu perfeitamente como uma luva no papel de Sydney, já que deveria ser uma mulher manipuladora e sedutora. Por vezes, Amy Adams interpretou tão impecavelmente bem seu papel que eu me perdi realmente nas percepções e acabei realmente me surpreendendo. Adams teve de arcar com a personagem mais complexa do filme, e o fez muito, muito belamente, corretamente e com muita classe. Realmente Adams merece os prêmios aos quais está sendo indicada e aos quais está ganhando.

Mas eu não posso deixar de realmente concordar com o que todo mundo está dizendo sobre ela, Jennifer Lawrence: incrível. Com toda a sinceridade do mundo, eu costumava não gostar nada de Jennifer Lawrence. Nunca entendi toda a grande babação de ovo que existe em torno dela por causa da franquia Jogos Vorazes, não a achava uma atriz tão boa quanto diziam. Simplesmente achava Lawrence uma atriz comum, normal, como muitas outras. Entretanto, seu trabalho como a personagem Rosalyn é absurdo, absurdo de bom. A entrega de Lawrence para a personagem é de embasbacar. Você sente a personagem. Você entende, você se envolve com a personagem – e realmente não acredito que coisas assim sejam só pela personagem em si, excluindo a atriz. O trabalho de montar um personagem envolve muito do psicológico do ator e do entendimento do mesmo sobre aquele ser a ser atuado, e realmente percebe-se que a química que rolou entre Lawrence e Rosalyn foi fabulosa. Não existe como imaginar outra atriz interpretando Rosalyn. Jennifer Lawrence está brilhante, surpreendente, e – Deus do céu, como é difícil falar isso, já que no cast está uma das minhas atrizes favoritas... – realmente rouba a cena.


Vou dizer algo, aqui e agora, que é a prova do quanto Lawrence me surpreendeu no quesito atuação e entrega ao personagem: a última vez que vi tamanho potencial foi lá atrás, quando uma atriz totalmente desconhecida encarou interpretar uma personagem de uma adaptação cinematográfica de um grande best-seller. A atriz em questão interpretou uma princesa, foi um grande sucesso, mas teve muitos dedos apontados em sua cara por não ser assim considerada uma atriz tão grande. Hoje em dia, essa atriz é uma das maiores de Hollywood, e, indubitavelmente, é uma das coisas mais brilhantes que o Cinema já teve em questão de atuação. Vejo, sinceramente, em Jennifer Lawrence, o potencial que não via em alguém desde Anne Hathaway. E Deus queira que ela consiga se tornar tão grande como Hathaway é, hoje em dia. Pois ela merece.

E, sim, a tão falada cena de Amy Adams com Jennifer Lawrence é mesmo boa. Principalmente pelo que acontece no final da mesma.

Eu não havia percebido, até escrever esta crítica, o quanto que American Hustle foi um filme que mexeu comigo. E realmente, realmente mexeu. Um grandioso filme, rico, com atuações surpreendentes e um bom ritmo, um bom texto (e, meu Deus, uma EXCELENTE trilha sonora). Vale a pena conferir Trapaça, que em breve estreará nos cinemas brasileiros.


Não se esqueça de voltar aqui quando ver, e comentar o que achou! Estou ansioso pelos seus comentários. E se já ao filme assistiu, deixe sua opinião nos comentários!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

de Chris Buck e Jennifer Lee, FROZEN (2013)


Nome no Brasil: Frozen - Uma Aventura Congelante;
Gênero: Animação/Fantasia/Musical;
Roteiro: Jennifer Lee;
Elenco (Vozes): Kristen Bell, Idina Menzel, Jonathan Groff, Josh Gad, Santino Fontana;
Nota (de 0 a 5): 5.



Lembro-me de ter visto o trailer de Frozen sem querer, num dia qualquer quando decidi absolutamente do nada que queria assistir trailer de filmes. Vi o trailer de Beautiful Creatures (filme o qual amo tanto quanto a série literária de mesmo nome), vi um pequeno de Maleficent o qual já todos estávamos cansados de ver; vi, acho, o de Black Swan (um dos filmes do meu coração), o qual eu nunca havia visto... Em seguida vi o de Mulan, acho. Talvez após tenha visto o de Les Misérables (uma das coisas mais lindas que já assisti). E vi algum de algum outro desenho... Acho que foi o de Brave. E foi enquanto assistia a esse trailer que dei de cara com um ícone naquela barra à direita do Youtube, revelando um novo filme que estava para sair pela boa e velha Disney.

Frozen? “Isso é nome de música da Madonna”: juro que pensei isso assim que dei de cara com aquele título. Já tirei um conceito prévio enorme do filme, então. Enquanto clicava e o lindo Google Chrome demorava pra carregar (como quase sempre na triste realidade da minha internet), eu já conseguia imaginar um filme à la Tim Burton, cheio de coisas levemente assustadoras e com um humor levemente mordaz. Quase tive a nítida imagem de uma Madonna em desenho irrompendo em um milhão de corvos e voando pelo mundo congelado.

Vou lhes dizer uma coisa que, de vez em quando, gosto: quebrar a cara. Juro que não sou o tipo de pessoa que julga as outras, muito menos que tira preconceitos de qualquer que seja o assunto – porém, vez ou outra isso inevitavelmente acontece, e eu adoro quando estou errado. Pois adoro ser surpreendido. E o que eu julguei ser “mais um filme da Disney com um humor forçado” – “ora, por favor, eles estão tentando mesmo implacar mais um clássico, né?!” – acabou se tornando um dos filmes de animação mais lindos e importantes da minha vida.


As queridas irmãs, Elsa e Anna.
O filme traz uma temática curiosa: irmãs. Irmãs que, outrora muito amáveis uma com a outra, acabaram sofrendo um triste afastamento por conta de uma característica mágica da mais velha, Elsa (voz de – pelo amor de Deus, palmas, muitas palmas para o nome que será citado neste momento – Idina Menzel): seus poderes mágicos de gelo aparentemente incontroláveis. Ambas nunca, ou quase nunca, se encontraram após um acidente com a irmã mais nova, Anna (voz de Kristen Bell), causado pelos próprios poderes da irmã, a qual é obrigada a isolar-se para o bem não só da caçula, mas de todos que se aproximassem do que foi considerada uma maldição. As irmãs crescem afastadas, porém, é chegada a hora de uma nova rainha assumir o trono há muito não habitado do reino, e é esperado que Elsa faça absolutamente tudo nos perfeitos conformes. Entretanto, um desentendimento entre as duas irmãs gera um grave acidente, o que acaba revelando a verdadeira natureza de Elsa. É quando se dá início uma aventura em que todos os protagonistas se envolvem, com revelações, intrigas, euforia e muita, muita música.

O filme todo é uma busca. É a incessante busca por algo ou por alguém que movimenta toda a história de Frozen. E o que foi colocado no meio dessa busca – como a construção do romance, o sentimentalismo e todos os outros diversos pontos – é que é o fascinante. Algo que me deixou levemente chocado é que, apesar de ser um enredo bastante denso em variados sentidos, Frozen nunca se torna algo chato ou menos voltado para o mundo infantil. É um filme que pode ser visto por todas as idades por trazer significados e percepções diversos, percebidos de acordo com a faixa etária e a experiência de vida do expectador.

Existem ensinamentos realmente, realmente bonitos e importantes em Frozen, e acho que o principal deles é o que remonta o amor. Isso, aliás, é algo a realmente parabenizar: pela primeira vez em tempos o verdadeiro sentido do amor trabalhado num filme, o amor verdadeiro que é dito e tão ouvido durante todo um longa, o amor que salva e que cura, não é o amor de um casal. O amor trabalhado por Frozen rompeu essa barreira clássica dos filmes produzidos pela Disney, já que foca não no amor no sentido romântico e carnal que o conhecemos, mas sim num sentido mais arcaico, primitivo, por vezes até considerado, hoje em dia, como antiquado: o amor consanguíneo. O amor de duas irmãs. Essa sacada é que faz o filme ser diferente de muita, muita coisa que é produzida pela indústria hoje. É o amor, sim, que é o ponto principal para um final feliz – mas um amor familiar. O amor mais puro e real que alguém pode sentir. Algo assim ser retratado, pra mim, chegou a ser algo realmente emocionante.

Dito isso, é preciso afirmar: o enredo de Frozen é uma delícia. É uma das animações mais completas e ricas que já vi no âmbito emocional. Existe de tudo nessa animação: aventura, profundidade sentimental, vilania (verdadeira e dissimulada vilania, e eu não vou dizer quem é a maior representação da vilania no filme ou irei estragar com a graça da coisa), bravura, coragem e muito mais, o que faz dele tão emocionante e um verdadeiro supridor de expectativas – pois sou do tipo de pessoa que assisto um filme ou algo na necessidade de ser suprido, de ser completo, de ser satisfeito, seja de qual forma for. E Frozen me encheu, no bom sentido, em muitas áreas, até algumas que realmente não imaginei.

Elsa (Idina Menzel), na cena de "Let It Go".
Engraçado, com um cômico incrivelmente bem colocado, sem exageros ou sem errar no humor – pois sabemos o quanto é desastroso algo tentar ser engraçado e não conseguir –, é preciso também dizer que Frozen é um filme MUITO, muito lindo. Um dos filmes mais bonitos visualmente da história das animações Disney, e um dos mais originais também. Nas minhas pesquisas sobre o filme, acabei descobrindo que ele foi uma adaptação do conto de fadas The Snow Queen, do brilhante Hans Christian Andersen, conhecido por histórias infantis como A Pequena Polegar, O Patinho Feio e A Pequena Sereia. Também trabalhando com magia de uma forma muito interessante, já que toda essa parte do enredo é focada na confusa personagem Elsa (e o autocontrole do medo, das emoções e do mau que há dentro de cada um são propostas abordadas), acho que, obviamente, algo que torna Frozen único é a temática inverno e gelo. São temáticas que, ninguém pode negar, são moda, e que quando trabalhadas de forma criativa e com significado acabam se tornando memoráveis. Tornou-se uma das cenas mais memoráveis da história dos filmes animados a cena em que Elsa canta Let It Go e constrói seu novo lar. Não é tantas vezes que há tanta magia, emoção, beleza e espírito numa cena, apesar de se tratar de um filme de animação, ramo onde coisas assim são “mais fáceis” de serem encontradas.

Aliás, há também outro magnânimo ponto que precisa ser ressaltado: música! Finalmente outro musical da Disney! Para quem foi criado, como eu, assistindo Aladdin, Mulan e afins, ver a Disney tantos e tantos anos sem lançar um musical significativo foi meio doloroso. Mas então eles têm essa brilhante ideia e lançam Frozen, e cá está novamente: um musical poderoso, absurdamente criativo, com belíssimas, divertidas e até poéticas composições, interpretadas por vocais brilhantemente bem escolhidos e poderosos. Kristen Bell cantou lindamente suas canções: Anna tem uma rica quantidade de músicas a ser interpretada, cada uma com seus sentimentos e particularidades de tons e entonações vocais que dependem de muitas características – emocional da personagem, situação em que a mesma se encontra na cena etc. –, e tudo foi corretissimamente defendido pela atriz. Realmente Bell está de parabéns.

Entretanto, perdoem-me, mas eu não posso deixar de me ajoelhar e mais uma vez reverenciar a grandiosa Idina Menzel. A atriz, veterana da Broadway, conhecida mundialmente por ter feito parte do cast original de Wicked (uma das coisas mais lindas que existem nesse mundo, e que você ainda não conferiu, pelo bem do mundo dos musicais, confira), nunca esteve tão brilhante. Elsa foi uma personagem que foi feita para ser dublada por Menzel; eu não poderia imaginar qualquer outra atriz/cantora dando vida vocal à mesma. Por favor: o que foram aquelas músicas cantadas por Idina Menzel? O que foram aquelas notas, aquela emoção intensa e aquela habilidade vocal na segunda vez de For The First Time In Forever? O que foi Let It Go, senhoras e senhores?? Que mulher/cantora é essa?!



de Chris Buck e Jennifer Lee, FROZEN (2013) by Breno Torres on Grooveshark


Deu para perceber o quanto Frozen significou para mim, certo? Se você ainda não assistiu, assista! Concorda, discorda de algo? Tem alguma ideia, algum ponto de vista a acrescentar? Escreva nos comentários!