sábado, 25 de janeiro de 2014

de Margaret Stohl e Kami Garcia, BEAUTIFUL CREATURES (2009)

Título no Brasil: Dezesseis Luas;
Quem escreveu? Margaret Stohl e Kami Garcia;
Editora: Galera (selo da editora Record);
Tradução: Regiane Winurski;
Número de Páginas: 488;
Gênero: Fantasia, Young Adult;
Nota (de 0 a 5)4.




Enquanto ouço Seven Devils – música de Florence and the Machine a qual fez parte da trilha sonora da adaptação do livro presentemente resenhado –, consigo me lembrar perfeitamente de como foi ler Dezesseis Luas, o primeiro volume da incrível série Beautiful Creatures, e de como me senti enquanto lia. Acho que em poucas vezes fui tão envolvido e conquistado por uma série em tão pouco tempo.

Comecei de um jeito pouco usual, pro que me é normal: assisti primeiro ao filme. Fui – digo isso com um orgulho tão grande, gente; pode ser bobagem, mas pra mim é algo muito importante, mesmo – à estreia, com um amigo. Uma estreia que apesar de não parecer estreia, já que se quinze gatos pingados ocuparam as cadeiras do cinema foi muito e se esses quinze gatos pingados demonstraram mais de meia reação durante todo o filme foi também muito – os animadinhos com literatura fantástica e com o enredo ali eram realmente só eu e meu amigo (vocês não tem noção do quanto foi triste ficar pulando sentado e gritado de animação sozinho) –, significou tanto ao ponto de me fazer perturbar tanto minha querida amiga Karen, tanto, de uma forma tão irritantemente intensa e... Chata que, acho que tendo consciência de que foi ela quem me induziu a ir ver o filme e ler a história, acabei ganhando da mesma com os dois primeiros livros da série. Poucas vezes fiquei tão saltitante como quando o moço dos correios me entregou aquele embrulho enorme nas mãos.

Foi mais ou menos nessa época, só que no ano passado, que devorei Dezesseis Luas pela primeira vez. A história fala de Ethan Wate, o qual primordialmente é só mais um garoto quase comum na cidade de Gatlin: quase, já que um de seus grandes desejos, diferente da maioria das pessoas que compõem aquela cidade – “as burras e as empacadas”, como seu pai afetuosamente outrora caracterizara seus vizinhos –, é mandar-se daquela realidade tediosa e imutável e ganhar o mundo. Ethan não contava, entretanto, na radical e absurda mudança que sua rotina e seu futuro teriam quando uma jovem finalmente chega à cidade, depois de ser expulsa de várias outras escolas ao longo da América. A jovem é Lena Ravenwood: uma bela e introspectiva garota, neta do homem mais assustador e considerado herege por toda a cidade: Macon Ravenwood. Uma estranha conexão surge entre os dois jovens, entretanto, após um incidente aparentemente comum numa estrada comum da comum Gatlin da Carolina do Sul: uma conexão que os levará a um inesgotável e poderoso sentimento de amor, e consequentemente a uma viagem mística e pelas vielas mais profundas (às vezes literalmente) da história da magia, da bruxaria, do que corresponde à cidade e de suas próprias árvores genealógicas. Uma viagem que pode custar mais descobertas e coragem e lhes tirar mais coisas do que os dois jamais poderiam imaginar.

Beautiful Creatures acabou se tornando uma de minhas séries favoritas da vida – ao lado de grandes amores meus como His Dark Materials (Fronteiras do Universo) e Harry Potter – justamente por um caráter que sempre, sempre considero quanto estou lendo qualquer coisa que trabalhe fantasia: originalidade. Sendo completamente honesto, tornou-se realmente moda escrever sobre feitiçaria depois do estrondoso sucesso de vendas que foi Harry Potter. Todo mundo quer seu Harry Potter, todo mundo quer chegar aonde Harry Potter chegou, muitas vezes com pretensões absurdas visionando o sucesso e a best-sellerzice. Coisas que, graças aos céus, eu realmente não vi em Beautiful Creatures. Acho que devo parabenizar realmente as autoras pela forma que retrataram o mundo da bruxaria em seu livro, a qual não foi de uma forma exageradamente atual, de forma alguma enjoativa e menos ainda uma cópia ao menos parcial do universo de J. K. Rowling: Kami Garcia e Margaret Stohl trabalham com a magia e a feitiçaria primordial – a magia e feitiçaria das antigas, folclóricas e góticas bruxas, dos vestidões bem trabalhados, das magias em Latim e dos livros de feitiços pesados e amaldiçoados – reproduzidas em um universo contemporâneo delicioso e cativante. Eu realmente fiquei encantado pela forma linda com que Stohl e Garcia contextualizaram esse tipo de aura bruxa gótica medieval sem retirar a essência da mesma.

Numa narrativa rítmica e deliciosamente fluida, Dezesseis Luas também não perde outra essência que se propõe a trabalhar: o Young Adult (uma literatura que costuma ser destinada ao público entre dezoito e vinte anos, de acordo com a American Library Association). O que significa isso? Simples: uma literatura juvenil que aborda temas um pouco mais adultos e de uma forma mais madura, sem perder aquilo que é próprio do adolescente e do jovem adulto (nesse caso ainda tendo a adição do gênero Fantasia, é claro). Em Dezesseis Luas, você encontra clichês adolescentes sim, assim como pensamentos adolescentes e uma realidade também adolescente, porém de forma alguma enjoativa, menos ainda infantil, e que não apenas se limita aos círculos de jovens. O jeito crescido com que Stohl e Garcia trabalham muitas coisas no livro é realmente algo de se apaixonar, principalmente no meu caso, que gosto de literatura juvenil, mas não aquelas tão juvenis assim, se é que você me entende. Essa maturidade com que o livro normalmente é trabalhado na escrita pode até ser pelo fato dos dois protagonistas serem adolescentes com maior maturidade e sensatez, o que torna as coisas mais adultas e bem mais interessantes.

Escrita, aliás, a qual eu simplesmente adorei. Sabe aquela escrita leve, deliciosa, com tudo muito bem comedido, que você simplesmente não consegue parar de ler? É tudo muito fluido, muito natural; as peças do enredo se encaixam, e o ritmo caminha sempre rítmico, naquela mescla de tons: mistério/calmaria/cômico. Isso é preciso ser ressaltado também: Dezesseis Luas é engraçado de uma forma gostosa, já que é, como dito, natural. Dezesseis Luas não é um livro pretensioso, como costumam ser os primeiros livros de séries, que por vezes os escritores tanto se empolgam pra conquistar os leitores que acabam forçando a barra em diversos aspectos. É um livro para ler e se divertir – sem, é claro, esperar nada além do que é proposto pelo gênero, que é o Young Adult (esse é o problema de muita gente, aliás: querer criticar um tipo de Literatura analisando-a por fora daquilo que é proposto). Também sobre a escrita: o livro é escrito por duas autoras! E, gente. Não só como leitor, mas também como escritor, eu posso lhes afirmar o quanto que é difícil fazer dar certo um negócio escrito por duas mãos e mentes diferentes. O maior trunfo de duas mentes trabalharem num mesmo livro é não fazer com que se perceba que foi mais de uma que o escreveu. Já li um ou dois livros escritos por mais de um autor aonde eram tão palpáveis os diferentes tipos de escrita que eu quase conseguia ouvir os gritos das palavras anunciando a quem pertenciam. E eu garanto com todas as letras: a escrita dupla de Margaret Stohl e Kami Garcia, nesse sentido, é uma das mais perfeitas que já tive contato.

Além de que, puxa vida, ainda sem sair do âmbito da escrita: um padrão em séries infanto-juvenis é quebrado em Dezesseis Luas. O protagonista usa cuecas! É UM RAPAZ! O caps lock ligado, veja bem, foi por causa do quão novo isso foi pra mim. Gente, por favor: realmente já deu um pouquinho de garotas protagonizando séries e tudo o mais no infanto-juvenil, não? Sou assumidamente feminista, antes que eu seja acusado de machismo literário, mas é que isso se tornou tão, tão comum e batido que, apesar de cada protagonista trazer sua singularidade, sinceramente, pra mim, cansou. Eu leio, é claro, se a história me interessar, mas realmente me abre os olhos se a narração for feita por um garoto pelo grau de diferenciação do comum que uma literatura assim tem – referindo-me a primeira pessoa, é claro. O que, DEUS do céu, também é preciso ser dito, e isso é realmente um ganho importantíssimo que Beautiful Creatures não só trouxe pra minha vida como leitor, mas também para meu eu escritor: esse livro – essa série como um todo – foi o responsável por diminuir em mim o preconceito gigante que eu tinha quanto à literatura escrita em primeira pessoa. Eu simplesmente odiava. Não conseguia ler. Entretanto, a forma deliciosíssima com que a primeira pessoa de Garcia e Stohl é empregada... Isso tudo pode estar parecendo um verdadeiro exagero, eu sei, mas eu me rendi. Realmente me rendi a essa escrita, e sou apaixonado por ela.

O enredo também é bem costurado, sem pontas soltas, obviamente feito com cuidado antes de ser publicado. Algo que me encantou muito também são os personagens: todos extremamente empáticos, até mesmo os menos citados (como parte da família de Lena) – destaco Amma, Ridley, Link e Sarafine (a incrível Sarafine!). O romance de Lena e Ethan também é algo que não empaca a história: a construção desse amor e a percepção do mesmo é algo que anda junto com o enredo, o que é realmente adorável. Adoro a edição que tenho, a que tem a capa do pôster do filme, apesar da original também ser maravilhosa; quanto às críticas à parte de construção e mais técnica do livro: amo essa fonte usada pela editora Galera para os livros, a diagramação está bem agradável, a tradução está de parabéns, mas lembro que houve algo que me incomodou imensamente quando li – a revisão. Lembro-me de ter encontrado algumas palavras incompletas e alguns erros esquisitos de pontuação, o que me incomodou um pouco, já que sou tarado por revisões corretas em absolutamente tudo. Mas meu exemplar é um pouco antigo; isso já deve, certamente, ter sido consertado.

A verdade é que a minha leitura de Dezesseis Luas significou bem mais do que apenas mais um livro. Realmente esse livro é muito importante pra mim, e está marcado na minha vida como leitor. Um livro para ser lido para relaxar, se divertir e viajar: Dezesseis Luas, de Margaret Stohl e Kami Garcia, publicado pela brilhante Galera Record. Todos os livros da série serão resenhados aqui no Blog, então não deixe de conferir!



Já leu o livro? Discorda de alguma coisa, tem algo a acrescentar? Ainda não leu? Quais suas impressões sobre o livro? Você deseja lê-lo? Escreva tudo nos comentários!

14 comentários:

  1. Devo admitir que tinha um certo preconceito com essa série, não tinha muita vontade de ler... O porquê permanece uma incógnita! Talvez fosse essa coisa de estar cansado de gente escrevendo sobre magia, tentando entrar na onda de Harry Potter, como você disse. Quero deixar claro que não sou aqueles que ficam colocando Harry Potter como a melhor série das galáxias todas, "Tia Jo" como a deusa das deusas do Olimpo só porque sim (acho isso deprimente), mas concordo que a maioria quer só chegar onde HP chegou.
    Adorei o texto, muito mesmo! Me deu uma vontade imensa de conhecer melhor a série, acho até que vou comprar semana que vem. Fiquei curiosíssimo!
    Parabéns, continue assim! :D

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    1. Gabe, seu lindo! E, bem, eu acho que é isso, sim. Quem não quer ter seu Harry Potter? Quem não gostaria de ter um reconhecimento e uma vida tal qual Rowling? O problema é deixar demais se levar por isso e esquecer a própria essência de escritor e a originalidade, né.
      Que bom que gostou, meu bem. *-* Procura sim! Se comprar, não deixa de me contar! =D
      Beijão! Obrigado! *-*

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  2. Bom eu comprei esse livro justamente por ser fantasioso, vcs tem razão essa onde de todos tentar copiar HP é deprimente, mas confesso que adorei o livro ele prende bastante a atenção. Porém o Filme é umA PORCARIA, mudaram todo o contexto da história tirando um pouco do romance, fora que escolherem péssimos atores p filme.. Enfim, eu quero continuar a ler a série mais em vez de 17 luas comprei 18 luas kkk na época comprei 5 livros, no momento to sem dinheiro p comprar mais, mas a tentação é grande. XD


    kisu
    www.eraoutravez.com

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    1. É, eu concordo que eles poderiam ter sido um pouco mais fidedignos ao livro. Eles mudaram coisas desnecessárias, além de terem feito divulgação com aquela frase completamente sem noção ("o novo Crepúsculo" ou algo do tipo). Mas discordo quanto ao que você disse quanto aos atores pro filme. Achei o cast realmente perfeito - só não concordei nada por terem escolhido a Emmy Rossum como Ridley. Ficou realmente nada a ver, nada a ver aquela escolha. Mas enfim, a gente nunca pode ser completamente feliz nessas coisas de adaptação cinematográfica, né? xD
      Beijão, Pamela!

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  3. Breno, tudo bem?
    Nunca tive muito interesse nessa série; apesar do tema ser um dos que mais gosto, não me senti muito atraída pela história =/ Porém, acho que se eu começasse a ler iria adorar.

    Beijos,
    www.procurei-em-sonhos.com

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    1. Certamente seria bom você dar uma chance! Nunca custa dar chances aquilo que normalmente não nos atrai. É sempre uma delícia quando nos surpreendemos com as coisas. ^^
      Beijão!

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  4. Aiii... *o* nunca assistir ao filme, mais fiquei muito curiosa em ler a série... espero que tenha a oportunidade e vc me fez despertar mais curiosidades. Bjiimmmm!

    sonholiterario.blogspot.com

    Tô seguindo de volta, apareça sempreee!

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    1. Que bom que consegui fazer o livro te conquistar *-* Que bom, que bom. Não esquece de passar por aqui quando ler pra me contar o que achou!
      Beijão! E o convite de aparecer sempre é recíproco! <3

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  5. Oi Breno!
    Antes de tudo, obrigada pela visita!
    Gostei muito da forma como você escreve a resenha. Quanta intensidade! Realmente despertou a vontade de ler!
    Vi que está começando agora e espero que possamos nos visitar sempre
    Ah, estou seguindo o blog ;)
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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    1. Quem agradece a visita sou eu, meu bem! E obrigado pelos elogios! Se realmente despertou vontade em você para ler o livro, então minha função foi devidamente cumprida. ^^
      Que as visitas sempre aconteçam! E obrigado por seguir o Blog! Será sempre bem-vinda por aqui. ^^
      Beijão

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  6. Oi Breno! (:
    Eu já li o primeiro livro da série Beautiful Creatures e tenho até o livro três na estante. Porém, ainda não li os demais.
    Eu gostei da leitura de "Dezesseis Luas". Juro. Mas não amei como você amou. Isso ficou perceptível ao ler sua empolgação presente nas palavras de cada parágrafo.
    Eu realmente lerei em breve os demais livros da série e espero concluí-la o mais breve possível. Odiei a adaptação. Não consegui nem ao menos terminar de ver. Muito ruim mesmo.
    Enfim, adoro ler suas resenhas, porque são tão bem explicadas e coerentes. Poucos blogueiros têm este talento. Espero um dia, escrever assim como você. Haha
    Abraço!

    "Palavras ao Vento..."
    www.leandro-de-lira.com

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    1. Que bom você por aqui, Leandro! *-* E que maldade ter essa série empacada na estante e não lê-la... xD Brincadeira! Mas o fato é que eu adorei a adaptação, mas realmente entendo todos os porquês do ódio da maioria das pessoas que leram o livro e viram depois a adaptação. Realmente entendo.
      Own, muito obrigado pelas palavras! E não diga bobagem, eu é quem adoro visitar o seu espaço e simplesmente amo ler a suas resenhas. Você é ótimo!
      Abraço, meu querido! Volte sempre!

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  7. Gostei da sua resenha. Te seguindo (:

    http://rascunhosdodudu.blogspot.com.br/2014/02/conto_5.html

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